sexta-feira, 28 de março de 2014

CAAASP participa de mobilização alusiva ao Dia Mundial da Água em Campina Grande.

O evento comemora alusivamente o “Dia Mundia da Água” e os 21 anos da Articulação do Semi Árido - ASA e ainda se manifesta contra as cisternas de PVC. 

Caravana da CAAASP na concentração do evento
A Central das Associações dos Assentamentos do Alto Sertão Paraibano – CAAASP participou neste dia 28 de março, em Campina Grande (PB), da “Mobilização pelo acesso à água de qualidade como um direito de todos”, em alusão ao Dia Mundial da Água, celebrado em 22 de março. 


Teatro Severino Cabral lotado
A concentração aconteceu no Teatro Severino Cabral, desde às 8h, com apresentações culturais seguido por um momento de reflexão sobre o tema da mobilização e, às 10h, os participantes saíram em caminhada pelas ruas centrais da cidade. Os manifestantes distribuíram panfletos, exibiram faixas e cartazes, mostrando o modelo de convivência com o Semiárido que a Articulação do Semi Árido - ASA defende, além de chamar a atenção da sociedade sobre a implementação de cisternas de PVC (plástico/polietileno), que vem sendo realizada pelo Ministério da Integração Nacional, por meio do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), através do Programa Água para Todos, do Governo Federal.
Manifestação contra Cisternas de plástico, transgênico e agrotóxicos


A representante da CAAASP, Elza Maria, comentou sobre as vantagens das cisternas de placas em detrimento das de plástico. “A cisterna de placa custa R$ 2.400,00 e é construída com mão de obra local. A cisterna de plástico custa R$ 5.000,00, computando-se instalação. Além de interromper o fortalecimento de atividades comunitárias, a decisão interrompe também o processo pedagógico realizado pela ASA junto às comunidades beneficiadas com o Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC). Já as cisternas de plástico têm um ciclo pequeno. Daqui a um tempo, vai ser um monte de lixo plástico espalhado pelo Nordeste. Além disso, não tem como entrar e lavar, o manuseio é diferente. Na cisterna de placa a própria família pode consertar. São cisternas para 30 anos.” 



Mística simboliza o perigo das
cisternas de plático
A caminhada finalizou com um ato público na Praça da Bandeira, no centro da cidade, reunindo caravanas de todas as regiões, que totalizaram mais de mil representantes das entidades que fazem parte da ASA Paraíba. 



Ao celebrar os 21 anos de história e de lutas para a convivência com o Semiárido, a ASA Paraíba vem a partir da política de acesso a reservatórios de água, como as cisternas de placas, realizando um processo de formação voltado para o manejo sustentável desse recurso natural. A cisterna de placa (fruto da sabedoria popular) se tornou em uma política pública graças à mobilização da sociedade civil organizada e vem democratizando o acesso à água em todo o Semiárido. Na região, já foram construídas cerca de 600 mil cisternas. Só na Paraíba o número chega a 60 mil.


Manifestantes ressaltam a importância das
cisternas de placas
“A gente pode falar em dois tipos de autonomia: uma é a tecnológica, por ser uma implementação que nasce do conhecimento próprio da agricultura camponesa. A outra é livrar os agricultores das garras da política assistencialista que alimenta a ‘Indústria da Seca’. No Semiárido, água é poder, famílias que eram obrigadas a andar quilômetros em busca do líquido, hoje dispõem dela na porta de casa, é isso que a cisterna de placas faz, empodera as famílias”, afirma Glória Batista, da coordenação executiva da ASA Paraíba.

Glória ressalta, ainda, o aspecto da qualidade da água das cisternas de placas, comprovada por pesquisas: “Em 2010 um estudo da Fiocruz mostrou que a qualidade da água das cisternas de placas reduziu o número de doenças e os índices de mortalidade infantil no meio rural”, completa.

Denúncia - Inicialmente a proposta é da instalação de 4.000 cisternas de polietileno em 10 municípios paraibanos: Araruna, Areial, Belém do Brejo do Cruz, Cacimba de Dentro, Dona Inêz, Igaracy, Quixabá, São Sebastião de Lagoa de Roça, Lagoa e Soledade. Neste último município, a população se mobilizou e pressionou a administração municipal a se negar a receber os reservatórios de plástico e a exigir o número equivalente das implementações com cisternas de placas.

Diversos sindicatos e organizações de trabalhadores rurais têm protestado contra a decisão tomada por setores do governo federal de substituir as cisternas de placas por unidades de polietileno. Os agricultores alegam que, além de funcionar bem, as cisternas de placa trazem oportunidade de trabalho no campo (ao mesmo tempo em que recebe o equipamento, a família ajuda também a construí-lo). Já as cisternas de plástico só beneficiam uma única grande empresa, poluem o meio ambiente, são menos resistentes ao intenso sol da região, esquentam excessivamente a água e deformam-se, como provam as diversas denúncias publicadas em reportagens na grande mídia e as queixas de vários agricultores. Quando isso acontece, a comunidade fica na dependência de políticos e burocratas para substituí-las, o que leva tempo e alimenta o clientelismo. O contrário acontece com as cisternas de placas: a manutenção é barata e feita imediatamente pela própria comunidade, de forma autônoma.

A Articulação do Semiárido Paraibano (ASA Paraíba) é um fórum que reúne cerca de 300 organizações envolvidas com as temáticas da agricultura familiar de base agroecológica e convivência com o Semiárido, que atuam em mais de 160 municípios da Paraíba nas regiões semiáridas do Alto e Médio Sertão, Cariri, Curimataú, Brejo, Agreste e Seridó. A ASA Paraíba integra a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA Brasil), que, por sua vez, reúne mais de três mil entidades que trabalham com a convivência com o Semiárido nos nove estados do Nordeste e Minas Gerais, completa, 15 anos de existência em 2014.

Assessoria com informações: http://www.asabrasil.org.br/Portal/




























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